quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

4º Capítulo – Cemitério de pianos (2001)

Plimm…! Aquele momento “Plimmm” entre o estar a dormir e acordado, aquele momento mágico que tanto gostava que me pudessem explicar. Plimmm! Mas que raio? Plimmm…! Óh, não! Só mais um minuto! Plimmmm…! Aquele momento em que nos traz de volta ao mundo, como um despertador que nos alerta para o perigo. Plimmm…!
A noite baseou-se neste ciclo, fecho os olhos e algo na minha alma me acorda, adormeço e um bater de coração mais intenso abre-me os olhos… Repetidamente. Mais uma noite passada em branco, como muitas outras, ou poderei dizer em negro?! Sem dúvida era o que mais fazia sentido. Mas bem, quem sou eu para mudar expressões que a sociedade impôs? Eles são tantos e eu… sou só eu. E o mundo, o Universo é tão grande, infinito e eu sou mais pequena do que uma formiga. Esse mundo, do qual quero fugir e de novo voltar para os meus sonhos…
Não mais “Plimmmm”? Muito bem…
Finalmente ganho coragem para enfrentar a ardente luz solar que entrepassa pela janela com intensidade e abro os olhos.
Lia: O que faço eu aqui?
Eu pensava que tinha adormecido em minha casa, mas ao que vejo, fui teletransportada para a dos meus avós paternos. Estarei eu a ver bem? A imagem ficava cada vez mais nítida o que permitia confirmar a minha incerteza.
Algo começava a roçar as minhas narinas como a pedir permissão para entrar e lá lhe dei ordem. Hummm… Panquecas… e ohhh… Chocolate derretido, tão quentinho… Dirigi-me rapidamente à cozinha, pois não conseguia resistir mais à aquela preciosidade.
Lia: Bom dia, vó!
Avó: Bom dia, princesa! Panquecas?
Lia: Com certeza!
Avó: De chocolate, como tu tanto gostas!
Lia: Ohhhh! Muito Obrigada! Mas vó… o que faço eu cá em casa?
Avó: Não te preocupes, linda. Os teus pais tiveram algo importante para fazer e trouxeram-te para não ficares sozinha em casa.
Ela parecia aflita, ansiosa e atrapalhada. O ambiente tornava-se aos poucos mais pesado, apesar e todo o carinho que hoje em especial me estavam a dar e nunca na minha vida nem um sexto me deram. O dia estava a custar passar, e a companhia na verdade não ajudava, portanto procurei uma outra melhor.
Na sala de estar encontrava-se m piano do meu visavô que fora um prestigiado pianista em jovem. Decidi instintivamente começar a tocá-lo ou bem… pelo menos tentar. Na verdade não sabia o que estava a fazer mas os meus dedos pareciam enfeitiçados e não paravam de tocar com delicadeza nas teclas do piano. Apesar da melodia ruidosa que eu estava a produzir, apesar de ao meu público não estar a agradar a mim agradava e muito. A música era sem dúvida uma ótima companhia.
De repente algo interrompe a minha atuação fantástica, um som que me era familiar, a buzinadela do carro dos meus queridos papás. Corri energeticamente até eles com os braços abertos e com um grande sorriso no rosto para os receber e saltei para o colo do meu pai. Mas ao que parece a alegria não era recíproca.
A viagem de volta a casa fora constrangedora assim como os vários dias que se seguiram. A minha mãe estava cansada e notoriamente triste, ela passava os dias a chorar certamente mas sem a razão eu conhecer e na minha presença mostrava-se forte, quando eu via toda a fragilidade nos seus olhos caramelo.
Todos me escondiam algo, todos pensavam que eu era assim tão ingénua. Mas é aqui que a má noticia vem… O TEMPO (mais tarde ou mais cedo) IRÁ REVELAR ESSE TÃO SAGRADO SEGREDO.



Que segredo é esse? O: O que acharam? Gostaram? QUERO OPINIÕES!

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