segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Lira




Penso sobre isto horas a fio, e agora não consigo falar. Tento pelo menos escrever, mas apenas das pétalas, em toda a flor, me consigo lembrar.
Recordo, já senti isto antes, mas temo mais desta vez. A sensação de tensão entre dois olhares que se temem em encontrar devido a situações que não consigo explicar. A sensação de vergonha, de imperfeição ao dizermos uma a outra que somos fracas, pecando ao mentir com um silêncio de odiar. A sensação do só. A sensação do “Tenho de escrever porque estou só.”...“… porque estou descontente.”…”…porque perdi-me nos meus pensamentos que calam a minha boca.”. 
Algo se passa mas nada parece se ter passado.
 O meu espirito colorido, pintado por ti, está perder a cor e, juntamente, o seu pintor. 
Antes também branco ficara, mas tinha-te a ti, pelo menos, para lhe dar brilho, não era como agora, um branco vazio. 
Continuo a sofrer, a fazer-me sofrer. Parece que até gosto desta situação. Mas a razão, mesmo assim sabendo, não move a minha fraqueza. 
Tu tornarias a minha desvirtude muito mais pura.
Novamente, quero falar-te, porém também não quero dizer o que é errado, então guardo tudo na mesma voz calada de sempre, que tu bem conheces, e que por milagre aguardo que a ouças e intendas. 
Os pensamentos passam numa melodia rápida e solitária proveniente de uma lira como flexas mórbidas que atacam o peito descoberto pela chuva de um Fevereiro criança.
“Chega, não penses mais!” resmungo. Sou péssima a ouvir-me mesmo… E a fita da minha cassete de música predileta já chegou ao fim, permanecendo o seu eco dentro do meu coração.
Amo-te, desculpa-me por ser quem sou.

Sem comentários:

Enviar um comentário