sexta-feira, 27 de junho de 2014

Pôr ou nascer do sol?



modern / indie / rad / fab

O sol brilha intensamente e eu fujo por entre as sombras, escondendo-me do seu caloroso abraço. A vida ensinou-me a temer tudo o que for demasiado bom e sem preço, portanto o Sol só me trará desgraça. 
Em tempos tanto me queimei pelas suas falsas palavras agora a sua voz é tudo o que mais receio.
As flores olham-no com espanto, os animais seguem as suas pisadas e os astros rodeiam-no já desde à milhares de milhões de anos. Como ainda conseguem confiar nele, como ainda o admiram, se ele nos continua a abandonar no final do dia. Mais intrigante é saber como ele tem esse enorme poder de enganar tantos e tantos sem deixar memória da tamanha dor que lhes causou. 
Corro, continuo a escapar do seu brilho. Sou demasiado racional para no seu encanto me prender. Finjo que sou cega para não ver o que de bom me poderia acontecer e para no fim o pior não sofrer.
A noite avança.
A despedida comove, as flores desmaiam e os animais se refugiam, enquanto calmamente a radiosa Estrela se perde no vale. Tudo fica calmo e eu venho finalmente cá fora. Nada me magoa, nada me desperta. Deito-me no extenso jardim e sinto-o só meu, deixo meus olhares se apaixonarem por estrelas maiores apesar de mais afastadas, cedo o silêncio beijar meu coração. 
Finalmente o mundo era meu. Mas o mundo não era certo… Nada podia impedir o dia de nascer.

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